segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sobre a causa animal e vegetarianismo (e não-vegetarianismo)


Algumas pessoas se posicionaram sobre o que falei na noite passada sobre tortura animal; eu disse que TODOS os animais são iguais e toda forma de humilhação e especismo merece igual julgamento, e que não apenas o boi do rodeio sofria, mas também aquele que espera no corredor da morte do abatedouro para ser brutalmente assassinado e virar comida. Portanto, não apenas animais de circo, entretenimentos “culturais” e bichos de estimação (PETS) merecem defesa; também a morte da galinha, do porco e do peixe não deve ficar de fora da revolta com “tamanha brutalidade”.
Pois bem, alguns comentários foram do tipo:
“comê-los é errado, porém necessário”;
“não é preciso ser vegetariano para defender os animais”;
“ser vegetariano não ajuda o meio-ambiente”...
Não?
Vamos aos argumentos...
Pra quem acha que não é necessário ser vegetariano para defender a causa animal, eu coloco a seguinte situação: se eu fizesse um bife do seu cachorro e comesse na sua frente, ao você vir protestar eu poderia dizer:
“eu venho da China e lá nós comemos cachorros, mas eu aaaaamo os animais! Defendo todos os gatos e peixinhos de aquário”.
Segundo a lógica do SEU próprio argumento, eu estaria certa.
Pra quem diz que o vegetarianismo não contribui em nada com a proteção do meio ambiente e acha que é normal aceitar toda a sujeira do consumo animal, já que tudo o que consumimos vem da natureza e, pelo visto, para estas pessoas tanto faz proteger a natureza ou não...
PRIMEIRO: Se você compara um animal com vida, que sente dor e implora para não morrer com qualquer outro objeto que se usa (já que tudo vem da natureza, né?!) como uma roupa ou móvel, cadê o seu sincero e tão grande amor pelos animais? Se matar uma vaca é o mesmo que derrubar uma árvore pra você, cadê a sua luta pela causa?
SEGUNDO: Ao contrário do que você pensa (ou da sua falta de pesquisa sobre o assunto), o vegetarianismo está intrinsecamente ligado ao ambientalismo, porque...
Dados e argumentos colocados, vamos aos fatos mais simples:
Eu não como carne, você sim. Quem não está contribuindo de forma alguma para a proteção do meio ambiente E dos animais? E ainda: quem está fazendo com que os recursos naturais esgotem de forma mais rápida e brutal?
Usando o próprio “argumento” que foi colocado: quem realmente não está fazendo nada pelo que eu digo que defendo (preservação da natureza), mas tudo que uso vem dela?
Aliás, seguindo esse raciocínio, o mais simples seria pensar: já que tudo o que usamos vem da natureza e não se pode fazer nada, que se dane, né?!
Bom, eu não penso assim... E sim, faço a minha parte, que é muito mais do que ficar sentada dizendo “coitadinho do touro”. 
Uma outra coisa: já ouviram falar em sustentabilidade? É algo pelo qual muitos ditos ambientalistas estão tentando lutar e fazer com que as pessoas se conscientizem a respeito. Então... Segundo esse princípio, usar coisas que vêm da natureza não quer dizer esgotar, envenenar os recursos naturais sem se preocupar se mundo vai acabar amanhã ou não.
Para um modo de vida sustentável existe:
*economia de energia;
*uso de materiais recicláveis E reciclagem;
*consumo consciente dos recursos não-renováveis.
Agora eu gostaria de saber... Tomar refrigerante em embalagens de plástico proporciona isso? Comer fast-food proporciona isso? E matar animais, então, proporciona um modo de vida sustentável?
Mais uma vez: quem não está fazendo nada?
Um outro detalhe importante que percebo é que apenas vegetarianos estão atentos às marcas que fazem testes em animais e realmente deixam de consumi-las. Ora, se você é capaz de comer um cordeiro indefeso, por que deixaria de usar aquele shampoo maaaaravilhoso da L’oréal paris (http://www.centrovegetariano.org/Article-299-Empresas%2Bque%2Btestam%2Bem%2Banimais.html), mesmo que tenha sido testado em um macaco ou nos olhos de um coelho?
Estes animais você não come, e mesmo assim cadê sua defesa?
Por que será que as pessoas não sabem a respeito dessas coisas, embora se digam protetoras dos animais? Talvez porque ao invés de pesquisar a respeito estão procurando os preços da nova coleção de sapatos (super ecológicos) da Arezzo.
A questão é que é muito fácil defender a causa da boca pra fora e continuar acomodado, não fazer nada. É o velho comodismo dos “revolucionários de sofá”.
Falar é fácil...
A propósito, galera de Teresina, a APIPA está precisando de voluntários para dar banho, passear e cuidar dos animais e também de medicamentos e suprimentos. Cadê o pessoal que ama os animais nessas horas em que se precisa que eles ajam?
Ah, deve estar fazendo uso mais útil e consciente de seu tempo e dinheiro: fazendo compras e lanchando no McDonald’s; limpando a boca com guardanapo de papel de primeira qualidade para então passar aquele batom que foi testado em um macaco que está aprisionado em um laboratório.
Porque afinal é tãããão linda a luta pela causa, quando confortavelmente se senta em um sofá de zebrinha e brinca com seu PET enquanto espera a pizza de frango, bacon e calabresa chegar... É fácil amar e proteger os animais quando “os animais” na verdade, quer dizer apenas seu bicho de estimação.
Para finalizar, não há verdade mais adequada a tudo isso do que:
VOCÊ É O QUE VOCÊ COME.

PS: meu objetivo com este texto não é dizer que somente vegetarianos possam defender a causa animal, mas apenas que se você ama tanto os animais como diz por aí, se disporia a repensar – a curto, médio ou longo prazo – os seus hábitos alimentares, e não defender o consumo de animais e ainda dizer que os ama.
Eu fui onívora por um bom tempo da minha vida, mas nunca achei isso certo e tentei mudar até que consegui, mas acho inaceitável que alguém defenda o consumo de carne e se intitule defensor dos animais.
Não estou querendo provar nada, apenas mostrar meus argumentos contra várias falácias que li, a parte de ter consciência é com cada um.








quinta-feira, 10 de março de 2011

Who is there hiding in the shrubbery?

      Wax the Monkey é a frase inicial da música Shave if Love Me (algo como, Depile-se se você me ama), da banda Sopor Aeternus & The Ensemble of Shadows, criada no final da década de 1980. WTM é a 11° música do 9° álbum de studio da banda, intitulado Les Fleurs du Mal (2007). Explicado pela cantora, que o título não tem referência a Charles Baudelaire sobre sua coleção de poesias, como assim se pensa ao ler o título de mesmo nome, mas sim está relacionado a Jean Genet, ao seu romance "Notre Dame des Fleurs" (Nossa Senhora das Flores), inspiração para quase toda criação do álbum.
     Dizem que quando mais alegre e divertido é um álbum de Anna Varney Cantodea (vocalista e única integrante da banda), significa o quanto triste e depressiva se encontrava a mesma no processo de criação, sendo o contrário para um álbum triste e melancólico. Em Les Fleurs du Mal, a talentosa vocalista expõe em suas criações, temas como, a reviravolta de um amor não correspondido, o confronto entre homem, chocolate e excremento, a poética e surpreendente forma de proferir sobre hemorróidas, também retrata uma  procissão funeral de forrma tão glamurosa capaz de forçar risadinhas tímidas, explicações sexuais de fidelidade por fidelidade, a solidão por sacrifícios, além da sexualidade conturbada sempre usada em seus álbuns, sarcasmo, nojo, religião, morte, tudo em doces tons sugestivos.
      De aparência bizarra, para alguns, Anna Varney é uma artista doce e elegante, apesar de usar em suas criações experiências de um passado conturbado e um sexo indefinido em imagens. Quem conhece a carreira de Anna, sabe o quão ela aprecia as obras do filósofo Edgar Allan Poe, adaptando musicalmente diversos de seus poemas, como é o caso de The Conqueror Worm e The Sleeper, entre outros. Defende as filosofias ativista diversas, eutanásia, os direitos LGBT, veganismo e vegetarianismo (como em um recente vídeo divulgado na sua conta do youtube, onde ela compara a morte dos judeus na segunda guerra, a matança de animais). Além de referencias em diversas outras personalidades.

Por fim, encerro exclamando com a frase que é título desse blog, pois não há nada mais sugestivo em depilar o macaco.

Wax the monkey!